quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Seleção de Trinidad e Tobago

Através destas rabioscas impressas pelo invento cirbernético, vou relatar aos nobres companheiros de mesa de bar e de cancha, os eventos emocionantes que engrandeceram a história do nosso time. As nuvens sinalizavam que o adversário iria aboletar-se de nossas glórias. Os engenherados estavam abichornados, dadas as ausências significativas: o Cabreúva que foi visitar a progenitora; o Tio que recupera-se bravamente de uma lasqueira na dobradiça da perna; o Motoqueiro que anda mais fresco que água de cachoeira; o Pinguço de quatro travado na valeta; o Guni também de frescura e o Sukita que ainda está descadeirado. Restaram para o jogo: Chileno, Blogueiro,  Tatá, Bicão, Professor, Petiço, Chucrute, Luciano e Marcelão. Pelo nível da escalação, parecia a seleção de Trinidad e Tobago. Os comentaristas assanhados - muito engraçadinhos que estavam - tentavam adivinhar o placar que seria contado às dezenas. Havia apenas um jogador no banco e o Chucrute estava contundido. O sol castigava nas paletas dos desgraçados e queimava minha cabeleira vasta e sem um único fiapo branco.  Nosso futebol estava uma bolandina, tal que rapidito os Osvaldinos cravaram 2x0. Apesar da gritaria da chinarada - algumas cortando os pulsos - nosso time jogava muito mal. Estavámos numa lançante. Os passes estavam mais tortos que guampa de touro. Levamos o jogo de qualquer jeito, tastaviando; até fizemos um golzito. No segundo tempo, de relancina apareceu o Marcelão todo descascado; assim descalço e sem uniforme. Parecia ter sido escalpelado numa mesa de jogo, mas entrou no jogo mais empolgado que potro novo,  afundando o gramado com o cascão do garrão. O unhão do dedão do pé tirava lascas de couro da bola. O jogo esquentou pra valer. Começamos a jogar muito mais ou o adversário muito menos, não importa, pois estavam dando as cartas. Surgiram muitas chances de gol, até que tomamos um gol bestalhão, 3x1. Entretanto, nossos jogadores são aporreados. A torcida não imaginava que os bravos iriam rebolquearem-se da derrota. Começamos a culatrear o placar. O Marcelão correu mais que coelho perseguido e marcou dois gols. Nunca riscada espetacular pela lateral direita, chutou cruzado e definiu o resultado: 3x3. Bicão foi o nome do jogo, pois deu carona para o blogueiro. Petiço correu muito no final e mas não passou a bola para os tios. Se continuar com esta mania besta, vamos cortar o sucrilho e o chicabom. O Professor deu uma entregada, mas no geral segurou a zaga bonito. O Chucrute também correu muito. O Chileno assumiu de vez a posição ideal como atacante plantado - não pode criar raiz.. Apesar dos problemas de agenda e físicos, o Tatá ajudou muito na organização do jogo. O Blogueiro jogou pouco devido ao calor extremo. Também por que estava muito charmoso neste dia e optou por atender o chinaredo que esperneava ao redor do campo.  Este jogo foi importante, uma vez que devemos mentalizar o seguinte: embora possa parecer, nosso time não é entecado; devemos jogar nosso jogo sem nos tornarmos entonados, o que seria um vício desagradável; devemos nos entropilhar; devemos pensar em nosso time como uma guajuvira e não como um guaipeca; apesar de alguns serem quase maduzários, ainda dão um caldo meia boca; vamos deixar as minigâncias e jogar bola; não devemos nos deixar abater por adversários paradistas. Para encerrar - pois já estou de saco cheio e muito afim de encarar uma polenta frita - lembro àqueles que pensam apenas em haraganear: venham jogar no sábado seus vagabundos!!!

Para aqueles que têm preguiça mental e pavor de dicionário, optei por resumir alguns termos utilizados neste texto. Não viciem, bando de vadios. Sábado tem jogo: dia de sumanta no adversário.




ABICHORNADO, adj. Aborrecido, triste, desanimado, vexado, envergonhado, acovardado, aniquilado, magoado, acabrunhado, macambúzio, abatido.
ABOLETAR-SE, v. Instalar-se. Ocupar, indevidamente, determinado lugar.
ABOMBADO, adj. Cansado e ofegante por efeito de trabalho em dia de calor.
APORREADO, s. e adj. Cavalo mal domado, indomável, que não se deixa amansar. Aplica-se também, p. ext., ao homem rebelde
BOLANDINA, s. Agitação, azáfama, atrapalhação. || Trapalhada, trampolinada
CULATREAR, v. Seguir na culatra da tropa, conduzindo-a. Sair no encalço ou na perseguição de alguém
ENTECADO, adj. Enfezado, sem viço, débil, achacado. || Inerte, imóvel, sem ação
ENTONADO, adj. Soberbo, arrogante, enfatuado, convencido, que tem entono
ENTROPILHAR, v. Formar pequena tropa, ou tropilha, de animais cavalares que tenham o mesmo pelo
GUAIPECA, s. Cão pequeno, cuso, cachorrinho de pernas tortas, cãozinho ordinário, vira-latas, sem raça definida.
GUAJUVIRA, s. Árvore (Patagonula americana) que produz excelente madeira de construção
HARAGANEAR, v. Andar solto o animal por muito tempo, sem prestar serviço algum, tornando-se arisco. || Em sentido figurado, aplica-se às pessoas, significando vadiar, gauderiar, vagabundear, andar sem ocupação, passear de um lado para outro sem procurar serviço.
LANÇANTE, s. Descida. Forte declive num cerro ou coxilha; qualquer terreno em declive.
MADUZÁRIO, adj. Bastante maduro, idoso.
MINIGÂNCIAS, s. Miudezas, tarecos, bugigangas, quinquilharias, ninharias, restos, coisas sem importância
PARADISTA, adj. Fanfarrão, blasonador, prosa, presunçoso, pomadista.
RABIOSCAS, s. Garatujas, rabiscos, letras mal feitas.

REBOLQUEAR-SE, v. Rolar o animal pelo chão, fazendo movimentos com a intenção de libertar-se da armada que o prende 
RELANCINA, s. Relance, repente, rapidez, velocidade. É usado na locução adverbial de relancina, que significa repentinamente, de relance
RISCADA, s. Movimento rápido a cavalo, disparada.
SUMANTA, s. Sova, surra, tunda, sapeca.

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